Outros tipos de Verbos
Verbos abundantes
Dentre as particularidades proferidas pela Gramática Normativa figura-se o fato de os verbos apresentarem duas formas de utilização – classificados como abundantes.
Tal fato, de forma indiscutível, causa uma certa problemática entre os usuários da língua, uma vez que estes se mostram duvidosos em relação à forma correta de utilizá-los. Mas a verdade é que, mesmo soando de forma não muito usual, consideram-se corretos os seguintes casos:
Verbos defectivos – traços peculiares
Como já é do nosso conhecimento, os chamados verbos defectivos são aqueles que apresentam irregularidades quando conjugados. Tal característica reside no fato de que em algumas formas eles deixam de ser flexionados, fato decorrente de questões de natureza morfológica, como é o caso do verbo falir que, comparado ao verbo falar, apresenta características idênticas. E também de ordem eufônica, por apresentarem uma sonoridade um tanto quanto “suspeita”, como é o caso do verbo computar.
Assim, em meio a esse ínterim, convém mencionar um fator extremamente pertinente – o fato de este argumento não ser aplicável a todos os verbos que apresentam formas verbais idênticas, como visto nos verbos trazer e tragar, que na primeira pessoa do presente do indicativo são expressos por: “eu trago”. Compondo também este grupo estão os verbos ir e ser, ora materializados pelas formas verbais “fui, fora, fosse, for”. Tais exemplos, apesar de apresentarem as referidas peculiaridades, não integram a modalidade em estudo (verbos defectivos).
Desta feita, os verbos defectivos subdividem-se em impessoais, unipessoais e pessoais, assim enfatizados:
* Verbos impessoais – São aqueles que apresentam somente a 3ª pessoa do singular, uma vez que não possuem sujeito. Representando esse grupo estão os verbos impessoais, os quais indicam fenômeno da natureza. Expressos por:
Outros verbos que também representam esse quadro são os verbos haver (indicando o sentido de existir ou exprimindo tempo decorrido) e os verbos fazer e estar (na indicação de clima ou tempo).
Exemplos:
Choveu bastante ontem.
Faz dois meses que não o vejo.
Está frio hoje.
Há fatos comprovados. (existem fatos comprovados)
* Verbos unipessoais – São aqueles que exprimem vozes de animais, portanto são conjugados somente na terceira pessoa do singular ou plural.
Exemplos:
O cão latia incessantemente.
As galinhas cacarejavam no quintal.
* Verbos pessoais – Compostos por aqueles destituídos de algumas formas verbais durante a conjugação, em decorrência de fatores ligados à eufonia e homofonia. Representados, entre outros verbos, por:
Verbos impessoais
Verbos impessoais são aqueles que não possuem sujeito
Verbos impessoais... o próprio nome parece nos fornecer algumas pistas rumo a desvendarmos os traços peculiares que norteiam tal assunto, concorda?
Pois bem, ele é impessoal porque não existe pessoa verbal, ou pelo menos nem todas elas. Mas, primeiramente, torna-se essencial compreendermos que os chamados verbos impessoais pertencem àqueles verbos denominados defectivos, os quais não possuem conjugação completa, tendo em vista os tempos e pessoas que integram as conjugações verbais de uma forma geral. Tal aspecto se deve a não existência de determinados fatores, tanto de ordem morfológica, quanto eufônica (referente ao som que uma determinada palavra produz ao ser pronunciada).
Assim sendo, afirmamos que esses verbos (impessoais) apresentam somente a terceira pessoa do singular, visto que não possuem sujeito. Vejamos, pois, quais são eles:
* Aqueles que indicam fenômeno da natureza, tais como:
Nevar
Relampejar
Trovejar
Ventar
Garoar, entre outros.
Chovia bastante quando saímos.
* Verbo haver indicando dois sentidos:
- Sentido de existir:
Há muitas pessoas no pátio. (existem...)
- Sentido de tempo decorrido (passado):
Há dois anos não o vejo.
* Verbos estar e fazer, quando indicarem:
- Clima:
Faz frio hoje.
- Tempo:
Está bastante tarde.
Verbos pronominais
Dadas as particularidades as quais norteiam a classe em questão – ora representada pelos verbos – faz-se necessário que estejamos atentos a todas elas.
E por elas ressaltar, há que se enfatizar sobre um desses tantos pormenores, ou seja, o fato de alguns verbos serem considerados pronominais. Mas, afinal, tal característica é resultante de que aspecto?
Pois bem, os chamados verbos pronominais são aqueles que, necessariamente, são acompanhados de um pronome oblíquo (adequado à respectiva pessoa gramatical), pelo fato de denotarem ações próprias do sujeito, como é o caso dos verbos: arrepender-se, sentar-se, queixar-se, zangar-se, pentear-se, enganar-se, entre muitos outros.
Mediante tais postulados, analisemos a conjugação referente ao verbo sentar-se, no intuito de verificarmos acerca dos traços que lhe são peculiares. Vejamo-lo, portanto:
Modo subjuntivo
Modo imperativo
Verbos nocionais e não nocionais
Torna-se viável retomarmos o conceito de que os fatos linguísticos se encontram inter-relacionados entre si. E, por assim dizer, vale mencionar que o estudo ora em discussão se encontra atrelado aos seguintes elementos:
Neste sentido, sequencialmente, temos que o verbo ou a locução verbal representa o núcleo central do predicado. Dessa forma, é por intermédio do aspecto apresentado por este (o verbo) que se determina a transitividade verbal. Tal aspecto encontra-se relacionado à existência de duas subdivisões: o grupo dos verbos nocionais e o grupo dos não nocionais.
Os verbos nocionais são os que exprimem processos, ou seja, indicam ação, acontecimento, fenômeno natural, desejo e atividade mental. Entre estes podemos citar:
pular
trovejar
relampejar
estudar
pensar
querer
pensar
analisar, entre muitos outros.
Como anteriormente ressaltado, estes verbos representam o núcleo do predicado. Assim como:
Estudamos para as avaliações.
Temos um sujeito desinencial ou oculto, representado pela 1ª pessoa do plural – nós.
Estudamos para as avaliações – predicado, no qual o núcleo é o verbo estudar (estudamos).
Aqueles considerados não nocionais exprimem um caráter de estado, o qual se relaciona ao sujeito. Em virtude deste aspecto são denominados verbos de ligação, uma vez que liga o sujeito a uma dada característica – fato que não mais os faz ocupar a função de núcleo. São exemplos desta modalidade:
ser
estar
continuar
permanecer
ficar
virar
tornar-se
andar, entre outros.
Atendo-nos a alguns exemplos, tais como o verbo andar e virar, são que estes, a princípio, parecem denotar ação. A verdade é que tanto podem pertencer a um grupo quanto ao outro, o que irá distingui-los é o próprio contexto. Portanto, analisemos alguns casos representativos:
A garota anda depressa.
A ação neste contexto parece ditar sua palavra de ordem. Sendo assim, ele classifica-se como nocional.
Márcia anda tristonha.
Aqui, expressa o estado do sujeito (no caso, o de Márcia). Razão pela qual ele se classifica como não nocional.
Mediante tais pressupostos, voltemos ao esquema anterior no sentido de reforçarmos a ideia relacionada à transitividade verbal: os verbos nocionais, desempenhando sempre a função de núcleo de predicado, classificar-se-ão como transitivos diretos e indiretos.
Os não nocionais, por denotarem o estado do sujeito, serão denominados verbos de ligação.
Verbos unipessoais
Os verbos unipessoais são aqueles que apresentam somente a terceira pessoa do singular ou do plural.
Os verbos, de forma geral, constituem recursos importantíssimos, utilizados para formular discursos e, assim, atingir os objetivos específicos de cada situação comunicativa. Nesse sentido, observe algumas considerações:
# Os verbos unipessoais exprimem ações ou estados relativos às vozes de animais, tais como: mugir, cacarejar, latir, miar, entre outros. No entanto, na linguagem conotativa, com exceção da primeira e da segunda pessoa, podem ser conjugados. Dessa forma, vejamos um exemplo:
Latiam palavrões de toda ordem.
Constamos que o verbo assume o aspecto antes demarcado (permanecendo na terceira pessoa do plural).
# Estando na terceira pessoa do singular, os verbos se constituem de sujeito representado por uma oração. Nesse caso, são exemplos: ocorrer, convir, custar, acontecer, entre outros. É o que podemos observar por meio do exemplo que segue:
Custa voltar atrás.
O que custa? Voltar atrás.
Tem-se, então, o sujeito, ora representado por uma oração subordinada substantiva reduzida de infinitivo.
Vozes do Verbo
O verbo representa a classe gramatical que mais se revela passível de flexões – de pessoa, número, tempo, modo e também de voz. Esta última, por sua vez, se caracteriza pela maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, ora classificada por: ativa, passiva e reflexiva.
Diante de tal pressuposto ampliaremos nossos conhecimentos acerca deste assunto, de modo a interagirmos efetivamente com as peculiaridades que lhe são condizentes:
Voz ativa:
Neste caso, o sujeito é quem pratica a ação, tornando-se agente desta.
Exemplo:
Voz passiva:
Caracteriza-se pela ação sofrida pelo sujeito, na qual o sujeito se revela não mais como agente, e sim como paciente.
Exemplo:
Observação digna de nota:
A voz passiva ocorre sob duas formas. Vejamo-las:
* Voz passiva sintética – formada por um verbo transitivo direto (ou direto e indireto) na terceira pessoa do singular ou plural, acompanhada do pronome oblíquo “se” (ocupando a função de apassivador).
Exemplo:
* Voz passiva analítica – formada por um verbo auxiliar (ser ou estar), conjuntamente com o particípio de um verbo transitivo direto (ou direto e indireto).
Exemplo:
Voz reflexiva:
A ocorrência se dá quando o sujeito se revela por ser agente e paciente ao mesmo tempo, isto é, pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
Exemplo:
Atendo-nos a uma análise deste, constatamos que o sujeito - representado pela menina – executou a ação de pentear-se, como também recebeu algo em decorrência desta mesma ação – o fato de ficar penteada (arrumada).